segunda-feira, 5 de abril de 2010

O Nascimento

Alguns dias antes do parto, fomos visitar um médico pediatra pra ver se o mesmo atendia as nossas exigências, como por exemplo, que tivesse o consultório próximo a nossa residência e que, eventualmente pudesse nos atender em horários alternativos. Por indicação de alguns amigos e da própria médica obstetra, marcamos uma consulta e mais tarde fomos conhecer o médico. O doutor foi muito simpático e curioso sobre a gestação e sobre nós. Fizemos algumas perguntas sobre o parto e todas foram respondidas claramente. Saímos do consultório cativados pela confiança transmitida à nós.

Com o pediatra escolhido, no início da semana seguinte, fizemos a última ecografia para checar a maturidade da placenta e ver se havia grumos presentes. O resultado nos mostrou que o Davi estava praticamente pronto pra nascer! Ainda naquela semana, fomos à consulta com a médica obstetra. Nessa consulta, a doutora fez uma análise da última ecografia e chegou a mesma conclusão, porém, para que ele ficasse 100% para o nascimento, a doutora pediu pra que a Morgana tomasse uma injeção de corticóide, para que isso fortalecesse o pulmão do Davi. Com a consulta chegando ao final, resolvemos marcar a tão esperada data: 27 de março! Não houve uma razão sólida para marcarmos esse dia. Apenas porque era fim de semana e isso iria nos facilitar a vida. Além disso, a Morgana já estava muitíssimo cansada e tudo nela doía.

Ainda no consultório da doutora, com a ajuda da secretária, começamos os procedimentos para marcar a data e o horário na maternidade. Dali pra frente a nossa ansiedade estava alcançando níveis estratosféricos!

Passaram-se os dias e eis que chega a data prometida. No dia 27 acordamos bem cedo para deixar o nosso apartamento em ordem, afinal não queríamos chegar com o Davi e ver o apê virado de cabeça pra baixo, não é? Os ânimos (e os hormônios) da Morgana estavam altíssimos! Só pra terem uma noção, eu falava: “Mor, é verde!” e ela: “ÉVERMELHOÉVERMELHOÉVERMELHO!!!!!” Sentiram o drama, né?

Pois bem, chegando à maternidade, nos dirigimos ao balcão de internamentos. Tivemos que esperar um bom tempo, pois havia algumas futuras mamães na fila. Com a paciência dando piruetas, finalmente fomos atendidos. Enquanto a Morgana ficou preenchendo a papelada, eu fiquei guardando nossas malas e esperando a liberação para o quarto.

Aguardando o internamento.

Já no quarto, com as nossas coisas arrumadas e com a Morgana deitada na cama esperando ser atendida, os pais dela chegam tão ansiosos quanto nós. Por volta das 11h00 da manhã, a enfermeira chega ao quarto para levar a Morgana para os procedimentos iniciais pra cesárea. Enquanto encaminham-na para receber as anestesias, o pai, que nesse caso sou eu - é um mero coadjuvante nessa história - segue para uma outra sala, no piso de baixo, para trocar de roupa e ficar aguardando ser chamado apenas para ver o bebê sair.

Um pouco nervoso na espera de ver o Davi nascer!

Bem, e lá fui eu me trocar e aguardar! Durante a minha espera, reencontrei o nosso médico pediatra e a doutora obstetra. Ambos me confortaram e disseram que estava tudo bem. Também fiquei conversando com outro papai que já era veterano nessa história de assistir parto de filho. Ele já tivera outros e pra ele, aquilo não era novidade. Já eu... bem, suava nas mãos e não conseguia ficar quieto. Nisso, o papai veterano subiu! “Meus deuses, logo sou eu!” – pensei. Não demorou muito e escutei a enfermeira me chamar: “Marido da Morgana, pode subir!” Ihh caramba... viagem sem volta! Lá vou eu! Confesso que estava com um leve receio de passar mal por ver a barriga aberta e todo aquele sangue. Mas, acredito que por causa da adrenalina, tudo isso passou batido.

Empunhando a câmera digital, vi a Morgana deitada na maca com um sorriso (de nervosa, claro!) de orelha a orelha. Ela aparentava estar muito bem, o que me deixou mais tranqüilo! Com o início da cesárea, fiquei todo o tempo ao lado da Morgana, às vezes filmando, às vezes batendo fotos! Conversava com os anestesistas e eles me falavam: “Pra gente isso aqui é super normal!”. “Ahh sim, claro...” - completava eu! Eles haviam colocado um pano na altura do peito da Morgana, obstruindo a minha visão. Mas o pano era muito transparente e daí podia-se ver tudo que estavam fazendo. Além do mais, as armações de metal das luzes que estavam acima de nós, refletiam tudo. A Morgana, chorando de felicidade, me perguntava se eu conseguia ver alguma coisa. Eu respondia: “Estou vendo algo redondo. Acho que é a cabecinha do Davi!” Nisso, o anestesista que estava ao meu lado me corrigia: “Não é a cabeça! É o útero!”. Com essa minha bola fora, a doutora fala em seguida: “LEVANTA PAPAI!” No mesmo instante eu levanto e começo a filmar o Davi saindo. Nessa hora, eu não me lembro de muita coisa! Era um turbilhão de emoções invadindo meu coração! A única coisa que eu pensava era pra não tremer a mão pra não prejudicar a filmagem. Tanto eu, quanto a Morgana estávamos sentindo as mesmas coisas. É um sentimento muito forte e único, que infelizmente nem todos tem o prazer de sentir. Eu já fiz coisas bem inusitadas, como pedalar mais de 2000 km numa viagem de bicicleta, mergulhar em cavernas totalmente escuras e saltar de pára-quedas a mais de 4 quilômetros de altura, com queda livre superior a 200 km/h. Nem tudo isso é páreo para o sentimento de assistir um filho nascer!

A família reunida!

Levando o Davi para o berçário.

Pois bem, com o Davi presente no nosso mundo, rapidamente os médicos começaram os procedimentos de limpeza. O pediatra chegou até nós com o Davi enrolado, nos mostrou e em seguida pediu pra que eu o acompanhasse até outra sala. Pensei: “Ahh, mas eu não desligo essa câmera de jeito algum!”. Minhas pernas tremiam! Nessa sala, o médico começou a analisar o Davi e pediu pra que eu parasse de filmar por alguns instantes. Ele então limpou o Davi “por dentro”, tirando todo o resto do líquido amniótico. Pediu novamente pra que eu, se quisesse, começasse a filmar. É lógico! Com a câmera ligada, filmei a enfermeira tirando a impressão do pezinho e o doutor verificando braços e pernas. Em seguida, voltei para a sala onde estava a Morgana e oficialmente aconteceu o primeiro encontro da família Scapini Araujo. E com direito a foto, claro!

Após essa rápida reunião, o pediatra pediu que eu seguisse com o Davi até o berçário para que fizessem o levantamento dos dados físicos. Com o filhão nos braços, ao sair da sala de parto, reencontrei os pais da Morgana. A minha sogra, com os olhos cheios de lágrimas, pediu para vê-lo. Meu sogro, que não queria dar o braço a torcer, estava muito nervoso também.

No berçário, a enfermeira mediu e pesou o Davi, enquanto outra enfermeira anotava os dados. Feito isso, ele ficaria por algumas horas em observação.

Depois dessa montanha-russa de emoções, eis os dados do Davi: nasceu as 11h53m da manhã do dia 27 de março de 2010, pesando aproximadamente 3,375 quilos e medindo 48,5 centímetros.

"Cheguei pesando mais de 3 quilos...

... e medindo 48,5 cm!"

A identificação da maternidade.

A Morgana continuou na sala de parto onde os médicos ficaram costurando sua barriga. Somente após uma hora ela retornaria ao quarto. Na sequência chegaram os meus pais e infelizmente não puderam vê-lo, somente depois de 4 horas, quando ele retornaria ao quarto.

"O papai é só sorrisos..."

"... embora as vezes ele me sacaneia!"

Ainda no dia do nascimento, na maternidade, começamos a receber algumas visitas de amigos e familiares, todos querendo saber como foi! Pra mostrar para aqueles que estavam longe, usei a tecnologia a nosso favor. Comecei a mandar mensagens pelo celular avisando aos quatro ventos que o Davi havia nascido. Foram muitos torpedos, posts no Twitter, Orkut e Facebook. Inclusive um pequeno vídeo filmado direto do celular para o YouTube. Quase que instantaneamente, começou a chover recadinhos! É muito legal saber da preocupação (e a curiosidade) de todos!

"Com a vovó Jussara. (Vovô Guino, cadê você?)"

"Com a tia Juliana."

"Com os dindos Guto e Bruna."

Durante a tarde, tanto os meus pais quanto os meus sogros ficaram fazendo companhia para nós. A primeira noite na maternidade não foi fácil! Mesmo tendo o suporte das enfermeiras, o Davi deu trabalho. Era ele querendo mamar em horários alternativos, fralda suja, desconforto com alguma coisa externa... foram vários os motivos de irritação. Eu e a Morgana quase não dormimos. Eu devo ter dormido umas três horas, no máximo.

"Êêêê papai... tá aprendendo ainda, hein?"

No dia seguinte não foi muito diferente. Visitas, presentinhos e todos querendo saber do Davi. Aconteceu também o primeiro banho, ainda na maternidade. Foi uma choradeira só! Quem deu o banho foi uma das enfermeiras do berçário e pra ela, aquilo era rotina e podia fazer quase que com uma mão nas costas! Ok... não precisa humilhar, né?

Nessa noite, conseguimos relaxar um pouco mais, pois mandamos o Davi para o berçário mais cedo. Aproveitamos o sossego e começamos a fazer as malas para ir embora no dia seguinte.

"Mamãe me observa no meu primeiro banho!"

"Ainda não me acostumei com a chupeta."

"Essa minha mãe é lindona, né? Fala sério..."

"Papai, não babe tanto em mim, né?"

"Com a tia Rafa."

"Com a minha futura dentista tia Débora e sua família."

"Com os amigos do papai, tia Kelly e tio Fernando."

No último dia, ainda pela manhã, recebemos mais duas visitas. Em seguida, começamos os procedimentos para deixar a maternidade e voltar para casa. É uma burocracia grande e necessária. Tem que levar papel e pegar assinaturas de um monte de gente. Aproveitei e resolvi registrar o Davi ali mesmo na maternidade: DAVI SCAPINI ARAUJO.

"Com a tia Têre, tia Lu e priminho Arthur."

"Com a amiga da mamãe, tia Melissa e sua filha Rúbia"

Levantamos acampamento e fomos pra casa. Eu, a Morgana, minha sogra e é claro, o Davi. É uma sensação nova, diferente... levar uma “pessoinha” que daqui pra frente estará nas nossas vidas pra sempre, requer todo cuidado.

Foi chegar em casa que a nossa vida mudou pra valer. A nossa rotina diária mudou completamente. Tudo é em função do Davi. Horários principalmente! Temos que comer e descansar quando ele está dormindo. Qualquer chorinho ou grito, é sinal para que fiquemos em alerta. Uma coisa que aos poucos eu já aprendi, é que se está chorando, é porque está com fome ou a fralda está suja. Pode ser uma leve “freadinha” ou um trabalho realmente sujo, se é que me entendem. Se algo incomoda o bebê, ele vai chorar e muito até que você solucione o caso.

"Mulherada, vem que eu tô fácil!"

ZZZZZZZzzzzzz......

"Quando eu não estou sujando fraldas ou mamando, só me resta dormir..."

"Eu adoro ficar no colo do papai! Ele sabe me acalmar rapidamente!"

"Quando tem sol, eu fico bronzeando meus pés."

"Com o tio Faéu."

"Com o tio Walace, tia Danúbia e os primos Luiz Henrique e João Guilherme."

"Com o tio Vini."

"No colo da vovó Gelssi com o vovô Orlando."

"Eu sou como a minha irmã Lilo,
não gosto de tomar banho!"

"Embora essa posição não seja ruim!"

"Olha só como eu fico de boa!"

"As vezes eu dou umas bitocas na mamãe..."

"... e o papai me enche de carinho!"

"Quem nasce sou sou e quem ganhou o presente foi o papai.
Foi o vovô Orlando quem deu!"


E para os futuros papais e mamães que estão lendo esse blog, infelizmente é a mais pura verdade, mas vocês não conseguirão mais dormir... pelo menos sem ser interrompidos. O que dizem, e eu acho que é verdade, é que nos três primeiros meses quase não temos sossego. O nervosismo dos pais anda alto? A choradeira da mãe é constante? É claro! A Morgana sabe disso. Mas tudo isso é altamente compensador. Ao ver o rostinho, os pequenos gestos desengonçados, os olhos que aos poucos vão se abrindo... tudo isso acaba anulando todo aquele sono e cansaço. A cada dia ocorre uma novidade! Tem pessoas que dizem que nunca gostariam de ter filhos. Olha, vocês devem ter seus motivos, mas infelizmente nunca poderão sentir as alegrias e as emoções únicas compartilhadas entre pais e filhos.

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Bem, por hora vou encerrar esse post. Agradecemos imensamente todos os recados que de alguma forma chegaram até nós, seja pelo celular, Twitter, Orkut ou Facebook. Pode ter certeza que lemos tudo o que nos escrevem. Agora vocês vão me dar licença, pois como pai de primeira viagem e com filho completando 10 dias, eu estou cansado e com sono! Até a próxima!

Ahh... e não esqueça de deixar seu recadinho! :-)